domingo, 16 de novembro de 2008

A dor que dói mais


Trancar o dedo numa porta dói, bater com o queixo no chão dói, torcer o tornozelo dói,
um estalo, um soco, um pontapé, doem;
dói bater com a cabeça na esquina da mesa, dói morder a língua...
mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que está longe. Saudade do mar. Saudade da praia.
Saudade dos pais porque o filho estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais...
Saudade do familiar que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu....
Saudade de uma cidade.... Saudade de um cheiro...
Saudade de nós mesmos, que o tempo não perdoa....
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorosa é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, dos beijos...
Saudade da presença, e até da ausência.
Tu podias ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Tu podias ir para o dentista e ele para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Tu podias ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber se ele continua sem fazer a barba porque dá trabalho.
Não saber se ela ainda usa aqueles jeans.
Não saber se ele foi ao médico como prometeu, se tem assistido às aulas;
Se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
Se ele continua a sorrir com aqueles olhinhos apertados;
Se ela continua a dançar daquele jeitinho enlouquecedor;
Se ele continua a jogar playstation;
Se ela continua a chorar quando vê televisão deitada.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos...
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento...
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche...
Saudade é não querer saber se ele está com outra, e ao mesmo tempo querer...
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
Saudade é isso que senti enquanto estive aqui falando e o que tu...
provavelmente, estas a sentir agora...
Martha Medeiros

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